Papo nas Estrelas

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Martians, Go Home! Fredric Brown

Martians, Go Home! Fredric Brown

Martians, Go HomeMartians, Go Home!


Os Marcianos invadiram a Terra! E desta vez não é Orson Welles dramatizando para o rádio o livro de um outro Wells (um tal de H.G.) War Of The Worlds (A Guerra dos Mundos) – Que teve duas versões para o cinema, uma boa (1953 – Byron Haskin) e a outra com Steven Spielberg, Tom Cruise e o prodigio mirim Dakota Fanning. Desta vez Fredric Brown nos conta um outro tipo de invasão; uma não para conquistar, não para destruir, muito menos uma invasão cultural com trocas – ou imposições – culturais e tecnológicas, mas simplesmente uma invasão para nos deixar loucos!

Sim, os pequenos e intangíveis homens verdes (seriam eles cinzas, segundo Fox Mulder, mas isso é outra história) não querem nada, a não ser nos tirar do sério; e se querem, sempre que questionados eles retrucam com um sonoro “None of you business, Mack!” (Não é da sua conta, Mack!), que aliás é como eles nos chamam: Mack. Simplesmente Mack, sem respeitar ou se preocupar com nossas individualidades e diferenças, se é que temo alguma.

A trama multi-plot gira em torno de Luke Devereaux, um escritor de ficção científica que foi o primeiro homem a ver um marciano, e diversas outras personagens e suas reações diante destes novos moradores da Terra. Sim moradores, visto que eles não parecem querer ir embora tão cedo e nem estão interessados em dar satisfações – none of you business, Mack! A narrativa leva-nos também para outros círculos sociais, mostrando a influência dos marcianos para com eles. Como a vinda dos marcianos afetou deste nossas ações mais corriqueiras como tomar banho e fazer sexo, até a desestabilização do mercado e da bolsa de valores ou relações entre países outrora inimigos ao melhor estilo dos Homens-Bisolheiros (Watchmen).

Tudo vai indo de mal a pior quando Luke tem uma proposta para escrever um Western (visto que as pessoas não querem saber de alienígenas por um bom tempo) e então, um milagre acontece, Luke tem um piripaque e simplesmente fica cego e surdo para os Marcianos, e ele, somente ele no mundo todo é “imune” a eles. Com isso culminamos em um final realmente surpreendente, onde diversas pessoas ao redor do mundo estão fazendo de tudo para que eles sumam, inclusive Devereaux, e quando eles finalmente somem, cada um fica com a sua versão da história, sempre olhando cada um para o próprio umbigo, sempre achando que nós somos os únicos em todo o universo, num solipsismo requintado. Solipsismo aliás, bastante discutido entre as personagens quando Devereaux deixa de ver os Marcianos.

Martians, go Home” (de 1955), foi um livro que tive a oportunidade de lê-lo em sua lingua original e com certamente foi uma experiência das mais agradáveis. Livro rápido de ler e muito gostoso. Vale a pena, mas acho que pode ser um tanto difícil de achá-lo, quem sabe em algum sebo por ai…

Ao final do livro, existe um post script do autor, dizendo que recebeu uma carta dos editores dele, dizendo que eles estavam mandando o manuscrito para a gráfica, mas que gostariam que ele explicasse o que realmente tinha acontecido na história. Ele explica, mas acho que perde um pouco do fantástico final aberto que o livro se permitiu. Eu particularmente não gostei de ter lido esta parte. O final com diversas interpretações é indiscutivelmente melhor. Coisas de editores incompetentes.

Procurarei outros livros de Fredric Brown para ler, que aliás, seu conto “The Waveries” foi descrito por Philip K. Dick como “oque pode ter sido o mais significante conto que a ficção científica já produziu!”.

isfdb: http://www.isfdb.org/cgi-bin/title.cgi?1560


Atualização: Descobri que existe um filme baseado neste livro, com o grande Randy Quaid! Em breve farei uma análise dele por aqui!

imdb: https://www.imdb.com/title/tt0100116/


Este texto é antigo, escrito lá em 2010 em um antigo blog de cinema que participava. Estou resgatando alguns que valem um pouco mais a pena. Nada mágico; um tanto pretensioso. Mas vamos lá, o que esperar de alguém cursando faculdade de cinema? Tenham pena do meu eu mais jovem, ele estava aprendendo… o atual também. O texto foi reproduzido na integra.

Você pode se juntar a esta, e outras discussões em nosso fórum: http://forum.paponasestrelas.com.br/

Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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