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Star Trek Discovery – Doce Tristeza: Parte 02 [Such Sweet Sorrow: Part 02]

Star Trek Discovery – Doce Tristeza: Parte 02 [Such Sweet Sorrow: Part 02]

A Segunda Temporada de Star Trek Discovery chega ao fim com a parte 02 de Doce Tristeza. O episódio tem a intenção de amarrar as pontas soltas colocar uma pedra em cima das polêmicas que rodearam a série até agora, dando uma “tela em branco” para os roteiristas poderem trabalhar a partir desde ponto. Com um ar de final de história, Michelle Paradise e Alex Kurtzman fizeram o que muitos julgavam ser o melhor caminho deste a primeira temporada: Colocar Discovery no futuro da franquia. Mas como foi a execução do episódio? Vamos olhar mais de perto…

Doce Tristeza: Parte 02

Doce tristeza: Parte 02 começa exatamente ao final da primeira parte, com o plano de usar uma nova roupa de Anjo recém-construída para que Michael Burnham consiga saltar para o futuro guiando a Discovery. Todo o plano gira em torno do conceito de que o arquivo contendo as informações obtidas com a Esfera Anciã não pode ser deletado dos computadores da Discovery, e data a impossibilidade de destruir a nave no último episódio, a única solução é colocar a informação onde o CONTROLE não consiga pegar. O problema é justamente a falta de conhecimento apresentada pelos roteiristas, a showrunner da terceira temporada Michelle Paradise, sobre o uso básico de computadores.

Primeiro nunca é explicado o porque exatamente o tal arquivo não pode ser deletado e em certo ponto deste episódio o arquivo é transferido para um “pen drive futurista”. Pelo visto este pen drive deve ser tão indestrutível quanto a própria nave. Por que diabos não destruíram o pen drive?

O mesmo erro conceitual cometido em outro episódio, é repetido aqui, nos tirando até mesmo a opção de argumentar que o “arquivo não estava no pen drive”, visto que Leeland tinha acesso aos computadores da Discovery e não o encontrou lá. Um arquivo que precisava de um “armazenamento quântico” com uma “capacidade virtualmente infinita” para guarda-lo. Não é um arquivo que passaria despercebido por uma inteligência artificial de tamanha capacidade. Outro ponto é a capacidade do tal pen drive! Onde será que consigo comprar um desses?

Ainda sobre a capacidade de Leeland, vale lembrar que ele é o servidor de toda esta frota de naves que estão atacando. Quase 1000 naves sendo controladas por uma unidade central. O poder de processamento dele é algo realmente fantástico. A questão está em como a divisão de processos é centralizada. Um episódio lançado em 2019 manter um conceito de processamento centralizado é, no mínimo, ultrapassado. Ou você não concorda que cada uma das naves atacantes não deveria ser autômato, com capacidade de controle individualizado?

No momento que Leeland é vencido por Georgiou, todas as 1000 naves são simplesmente desativadas, e ficam a deriva para serem abatidas. Elas perderem algumas funcionalidades por não ter uma central é uma coisa, virarem pesos de papel espaciais é outra completamente diferente!

E como a Capitão Georgiou sabia como derrotar o T-3000? Ela recebou o memo de Spock com a informação sobre magnetizar o chão, ou será que ela assistiu O Exterminador do Futuro: Genesys na folga dela?

A Almirante Cornwell

Dado certo momento de Doce Tristeza, um torpedo fica preso no casco da Enterprise. Como ele passou pelos escudos da nave ainda me deixa confuso, mas o caso é pior. O torpedo não explodiu, e neste momento ele simplesmente ativa uma “bomba relógio”, que irá explodir em 15 minutos. O que era apenas um “torpedo defeituoso”, deveria ser estudado, visto ser a arma mais efetiva possível! Não só ele consegue atravessar os escudos sem o menor problema, quanto ainda consegue explodir causando considerável dano ao alvo. É um milagre da engenharia bélica do futuro!

Enfim, a Almirante Cornwell e a Número Um se encaminham para tentar resolver o problema do tal torpedo entalado na Enterprise. Talvez este seja mais um problema hidráulico que qualquer outra coisa, mas vamos lá. Depois de tentarem diversas possibilidades para desabilitarem o torpedo, e chegarem na conclusão que tudo foi em vão, a Número Um retorna a ponte de comando. Mas não sem antes se despedir de sua mais nova melhor amiga de infância com um aperto de mãos digno de Xena e Hércules. Vale lembrar que Kurtsman trabalhou nas duas séries.

Capitão Pike chega ao local do problema e, após um questionário sem a menor utilidade, diz para que a Almirante saia que ele ira ficar com a bomba, jpa que a única maneira de salvar a nave é a original ideia de fechar uma porta pelo lado de dentro. Eu nunca tinha visto isso em nenhuma série antes! Pike argumenta que a nave é dele e ele que tem que se sacrificar, Cornwell diz que o destino dele não é este. Como diabos ela sabe do “destino” de Pike? Por um acaso ela assistiu Pelo Vale das Sombras?

Mesmo que eu não esteja confortável o conceito de “Destino” ser aplicado em Jornada nas Estrelas, a lógica de Pike é sólida! Se ele sabe qual o destino dele, então ele é “basicamente imortal” até aquele momento. Logo se ele ficar ao lado do torpedo, ele não explodirá. Mesmo eu não concordando com as regras do jogo, dentro das regras estabelecidas pelos roteiristas, esta seria uma maneira válida de ganhar a partida!

Mas lógica não é o forte de desta série, e Pike vai para o lado de fora da porta que, lentamente, se fecha deixando a Almirante Cornwell presa com o torpedo. A trava da porta era ao lado da porta, sendo totalmente possível girar a manivela pelo lado de fora e “tirar a mão rapidinho”. Dr. Jones já recuperou o chapéu uma infinidade de vezes dessa maneira.

Mas enfim, o torpedo finalmente explode levando um naco do frente da sessão do disco da Enterprise com ele. A enterprise ficou parecendo a NX-01 com a frente achatada. E Pike, que estava do outro lado da porta, coladinho no vidro nem se preocupa. A Porta é feita de um material tão resistente, que não sei porque não fizeram a nave inteira com ele. Nem dos escudos precisariam! Escudos que alias não deviam estar ligados nesse momento, visto que os destroços da frente da nave foram lançados no espaço.

Michael Burnham: Uma nova divindade no Pedaço!

Como diabos Michael Burnham conseguiu ver o torpedo preso na Enterprise em meio a mais de 1000 naves se digladiando, explosões, tiros, destroços e tudo mais que existia naquele campo de batalha! Burnham não só tem o dom da Presciência, visto que ela já sabia que o torpedo iria ficar preso, da Onipotência, como visto em diversos episódios, como agora demonstra o dom da Onisciência! Com a maquina do tempo que ela tem agora em mãos, a Onipresença está a um passo. Acredito que devamos imediatamente iniciar uma nova religião. Não existe mais como negar: Michael Burnham é Deus!

A Batalha Espacial
Star Trek Discovery - Doce Tristeza: Parte 02

Vamos falar um pouco sobre o “prato principal” deste episódio: A Grande Batalha Espacial.

Batalhas Espaciais sempre foram uma grande parte da ficção científica. Afinal de contas, quem não gosta de um bom combate de naves, com um montes de tiros e explosões espalhados? Mas o que separa uma simples batalha de naves de uma grande batalha de naves? Provavelmente uma mescla de Efeitos Especiais, Espelhamento da Narrativa Principal e Estratégias de Combate por parte dos Capitães das naves. Tirando os efeitos especiais, nenhum dos outros dois pontos podem ser encontrados em na batalha de “Doce Tristeza: Parte 02”.

As batalhas de naves, servem para amplificar o conflito principal dos personagens, externando o conflito dos personagens em algo palpável que demonstra a gravidade da situação.Em A Batalha de Endor em O Retorno de Jedi, onde o “derrubar de escudos” pode ser visto tanto na batalha quanto na tentativa de Luke em trazer seu Pai para o lado bom. Em O Resgate em Nova Caprica, em Battlestar Galactica, o “sacrifício pela liberdade” é visto tanto nos colonos presos no planeta quanto com a quase destruição da Galactica que por fim é salva pela Pegasus em um sacrifício final. Ou o Ataque na Estação Thoch em The Expanse, onde invadir uma estação espacial secreta e vencer a nave stealth é espelhado no descobrimento da pesquisa secreta por trás da “protomatéria”.

Uma batalha espacial tem que significar algo para a história, levando-a para frente. A batalha representa o conflito interno dos personagens de uma forma visual, afinal de contas o cinema e as séries de TV são “mídias audiovisuais”. Colocar uma batalha apenas como showcase da equipe de efeitos especiais é no mínimo, sem sentido.

Jornada nas Estrelas já teve sua grande parcela de batalhas espaciais memoráveis, como A Batalha da Nebulosa Mutara, A Batalha do Setor 001 ou a Batalha de Wolf 359. É uma pena que a esta batalha, que ainda não temos nome para ela, será esquecida em pouco tempo, ao contrário do Ataque dos Kaylon em durante o segundo episódio da Saga da Identidade em The Orville, no episódio “Identidade: Parte 02”.

Agora que definimos o que faz de uma cena de batalha uma Grande Batalha de Naves, vamos ver o que aconteceu de errado nesta batalha específica.

Desde da primeira grande batalha de naves de Jornada nas Estrelas contra os Romulanos em “O Equilobrio do Terror” [Balance of Terror], criou-se um padrão de batalhas que seguia os estilo de “batalhas de submarino”. Este estilo de batalha foi mantido por praticamente todo o período de Jornada nas Estrelas, até 2009 com o primeiro filme da Linha Temporal Kelvin, onde optaram por motivos mercadológicos a utilizar um estilo de batalha espacial de “dog fight” inspirado claramente pelo Star Wars de George Lucas. Star Wars tinha uma visão das batalhas inspirada pelas batalhas de caças da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhávamos os caças em suas investidas.

Discovery não fez nenhum nem outro. Ela seguiu um estilo de batalha de navios, onde os navios ficam parados atirando uns nos outros para ver quem aguenta por mais tempo, enquanto os pequenos caças sobrevoam bombardeando tudo. O problema é que vemos isso sempre de longe, sem que possamos apreciar a beleza dos efeitos especiais e sem que possamos sentir a pressão da batalha. Um erro que Discovery comete desde a primeira temporada, onde existia uma “Guerra Klingon” acontecendo, mas nos não víamos nem a guerra, e nem a repercussão dela.

Nem Pike, nem Saru e nem L´Rel comandam suas naves para seguirem alguma estratégia que pode mudar o rumo da batalha, nos afastando da emoção que essas decisões poderiam nos passar. Os três basicamente ficam parados enquanto suas naves tomam tiros por todos os lados. Uma batalha fria, sem emoção e sem consequências. Francamente uma das piores batalhas espaciais que vi recentemente.

Star Trek Discovery: A Nostalgia Final

Doce Tristeza: Parte 02 tinha uma missão: Tirar este grande elefante do meio da sala, antes que ele quebre mais alguma coisa. E de certa forma conseguiu. Através de um belo remendão, onde Spock cita um regulamento que proíbe qualquer um envolvido com a Discovery de falar sobre ela, sob pena de traição.

Basicamente eles, com esta frase, admitiram que “Discovery foi uma traição ao legado de Jornada nas Estrelas” e a todos os fãs de longa data. Este foi o maior pedido de desculpas que vi de uma produtora na vida. Apesar de não ter achado um grande episódio, e nem um grande final de temporada, gostei de ver este “mea culpa” tomar forma.

O episódio termina este conturbado arco de histórias de Discovery lançando-a para o futuro, em uma grande luz branca, representando a “tela em branco”que comentei no começo. Discovery deixa para trás estas duas primeiras temporadas, e a partir de agora poderá se manobrar sem medo de esbarrar em nenhum fato canônico, sem irritar nenhum fã mais purista. Desde que se mantenham dentro do “espírito de Jornada nas Estrelas” acredito que poderão ter uma jornada bem mais tranquila.

Por fim, temos a sessão “fan service” recheada de nostalgia, com Spock de uniforme e sem barba entrando na ponte da Enterprise, e tomando seu lugar como Oficial de Ciências. Pike e Número Um estão em seus lugares, aguardando a Primeira Temporada de “Jornada nas Estrelas: A Era Pike”.

Se nunca mais contarem nenhuma história envolvendo a Discovery, este seria um bom final para uma série repleta de problemas.

Pensamentos soltos no Espaço

  • A Comandante Nhan realmente respondeu a Capitão Georgiou com um : “Nham Nham”?
  • Se o Leeland morreu e o Controle junto com ele. Porque diabos eles foram para o futuro? Imagina eles mudando de ideia de última hora e esquecendo de avisar a Michael?
  • Se ir para o futuro destruiria o Cristal do Tempo, como o Michael voltou para criar o sétimo sinal para Spock saber que ela estava bem?
  • Se a missão de Pike nesta temporada era caçar os sinais vermelhos do espaço que apareceram no primeiro episódio, por que diabos eles passaram a temporada toda esperando eles aparecerem para poderem ir até o local?
  • O espaço é realmente um lugar frio. A Irmã do Saru veio até de moleton.
  • Então Tyler é agora o responsável pela Sessão 31? Ele vai transforma-la em uma “coisa melhor”? Acho que sabemos que você não fará um bom trabalho, né, Sr. Tyler.
  • Tyler teve que sair do lado da L´Rell para ela poder unificar o império. Agora está todo mundo OK com o fato dele estar ao lado dela na nave durante a batalha?
  • Retrospectiva Burnham 2019!
  • Podiam ter colocado Discovery no futuro já na primeira temporada, né?
  • Doce Tristeza é realmente um título representativo. Doce por ter acabado a novela, e triste pela série não ter atingido o nível que merecia.
  • Adorei a Número Um, responder “Número Um” quando perguntaram o nome dela. Ela é a Número Um a mais de meio século, nenhum nome vai pegar agora.

Star Trek DiscoveryDoce Tristeza: Parte 02Análise em Vídeo

Star Trek Discovery – Doce Tristeza: Parte 02 – Imagens

Ficha Técnica

Direção: Olatunde Osunsanmi
Roteiro: Michelle Paradise, Alex Kurtzman e Jenny Lumet
Lançamento: 18 de Abril de 2019

Star Trek Discovery - Doce Tristeza: Parte 02
  • Direção
  • Roteiro
  • Efeitos Especiais
  • Fotografia
  • Batalha Espacial
2.4

O Final de uma Turbulenta Jornada

Cumpre o trabalho que veio para fazer: Colocar uma pedra em cima desta turbulenta jornada que foi Discovery até o momento, e dar uma tela em branco para os roteiristas trabalharem na terceira temporada.

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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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