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The Orville – A Estrada Não Tomada [The Road Not Taken]

The Orville – A Estrada Não Tomada [The Road Not Taken]

O episódio final da Segunda Temporada de The Orville, A Estrada Não Tomada, retoma a história ao final do episódio passado, Amanhã, e Amanhã e Amanhã, ou quase isso. A história se passa numa realidade alternativa onde Kelly e Ed nunca se casaram, ao melhor estilo do gênero “E Se…” [“What If…”] tão fundamental na Ficção Científica, nos entregando um episódio repleto de referências a grandes filmes e séries de TV da ficção científica. O que começou como “uma carta de amor a Star Trek”, cresceu e se tornou uma carta de amor a Ficção Científica tento Star Wars, Seaquest, Farscape e Firefly apenas como algumas das obras referenciadas, indo do Pós-Apocaliptico à Ficção Científica Submarina, colocando substância no lugar de “fan service” nos mostrando que; assim como Robert Frost, o escritor do Poema referenciado no título; a Estrutura e a Forma são mais importantes que o enfeite. Vamos olhar mais de perto.

A Estrada Não Tomada

O que aconteceria se pudéssemos voltar no tempo e, com nosso conhecimento do futuro, alterarmos nosso destino? Muitos de nós sem nenhum pestanejar fariam as mudanças julgadas necessárias para que não soframos desnecessariamente. Mas os desdobramentos e resultados dessas mudanças podem ser tão imprevisíveis como nosso incerto futuro. É neste tema, já tão discutido pela Ficção Científica, que The Orville discute sobre suas próprias escolhas, dentro no universo ficcional e fora dele.

Uma das funções da Ficção Científica é se perguntar “e se…”. Em “A Estrada Não Tomada”, The Orville faz justamente esta pergunta. E se Kelly e Ed nunca tivessem se casado e aquilo que, em outra linha temporal, foi um desastre pudesse ser reescrito. Nesta nova linha temporal alternativa, Kelly não aceita sair pela segunda vez com Ed, o que faz com que nunca se casem, o caso do adultério nunca tenha acontecido e eles nunca tenham ido parar na Orville como Capitão e Segundo em Comando. Algumas hipóteses deste cenário, nos discutimos em Amanhã, e Amanhã e Amanhã.

Neste Universo Alternativo, os Kaylon invadiram a Terra e destruíram toda a forma de vida, até mesmo os peixes como espertamente apontado pelo roteiro enquanto faziam uma leve referência a Ficção Científica Submarina e pressagiado em “Nada resta na Terra exceto os Peixes” [Nothing Left on Earth Excepting Fishes]. Descobrimos, juntamente com Bortus, que até mesmo Moclus foi destruído, podendo sentir dor da perda de Bortus graças a atuação ímpar de Peter Macon. Vale lembrar que Moclus era a principal fonte bélica da União Planetária, como visto em “Santuário” [Sanctuary]. Parece que os Kaylons são oponentes muito mais mortais do que havíamos imaginado.

A Estrada Não Tomada” nos mostra que The Orville, não só tem um controle primoroso da história que está contando, como um conhecimento sólido do material com que estão trabalhando. O cenário de “universo alternativo” só funciona com força total porque nos foi dado tempo e material para conhecermos o “universo comum” do série. Só podemos saber o que é a dor da perda, se conhecermos o que é ter aquilo em primeiro lugar.

Sob um outro prisma, podemos ver a crítica sendo feita sobre a “cultura pop” num geral atualmente. Podemos ver uma infinidade de filmes e séries de TV que nos banham com “fan service” do começo ao fim ofuscando a visão de olhos menos treinados, que acabam por aceitar uma referência solta no lugar de uma história sólida. Orville não nos entrega apenas referências, mas sim reverências a outras obras das quais está captando nutrientes para seu próprio roteiro.

Robert Frost, o escritor do poema que este episódio divide título, famosamente opinou que escrever versos livres é como jogar tênis com a rede abaixada. Como muitos outros admiradores e praticantes da poesia formal, Frost viu no “verso livre” uma excessiva glorificação da liberdade sobre a estrutura.

Todo tipo de narrativa, independente da mídia escolhida, possui formas e estruturas que devem ser respeitadas para se manter uma linha coesa de pensamento. Por vezes esta forma pode ser quebrada, porém de forma consciente. Ao nos espessarmos de forma livre, sem respeitar ou negociar com as estruturas, estamos simplesmente criando borrões em uma tela ou uma cacofonia. Existe um motivo para as coisas serem feitas de certa forma.

The Orville sabe disso quando negocia com as normas da Ficção Científica, referenciando e reverenciando quando preciso, ou subvertendo quando necessário. Com este episódio final, Orville rebate as críticas que estaria “apenas copiando Star Trek” de forma primorosa. Orville pode sim ter começado como uma “carta de amor a Star Trek” mas se tornou muito mais que isso no caminho. The Orville é uma carta de amor a Ficção Científica, e hoje tem suas próprias pernas.

The Orville coloca-nos a frente de um final de temporada que, caso não seja renovada para a terceira temporada, fecha um ciclo narrativo. Se nunca mais tivermos uma história de Orville nós sabemos exatamente quais serão os acontecimentos futuros, nos colocando diretamente no episódio piloto da série, “Velhas Feridas” [Old Wounds].

O episódio ainda toca no ponto que, as vezes, essas linhas temporais alternativas são mais legais que a linha temporal normal. E por muito queremos ficar por aqui, queremos que elas se mantenham. Mas a que custo?

Por outro lado claro que todos queremos uma terceira temporada de The Orville, e o episódio nos deixa com este sentimento de “quero mais”. Este foi um episódio que nos fez uma promessa: Em uma possível terceira temporada, existirão mais facetas deste universo para serem exploradas, e mais conflitos para serem resolvidos, internos e externos.

A Estrada Não Tomada é um belo final para este arco de The Orville. Foram duas grandes temporadas, com uma qualidade narrativa excepcional, que colocaram a série no panteão das Grandes Séries de Ficção Científica de todos os tempos. Mal posso esperar pela Terceira Temporada! #RenewTheOrville

Escrever “Versos Livres” é como jogar tênis com a rede abaixada


Robert Frost

The Road Not TakenRobert Frost

The Road Not Taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;


Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim
Because it was grassy and wanted wear,
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I,
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

A Estrada Não Tomada

Duas estradas bifurcavam sob árvores amarelas,
Triste eu não poder viajar ambas
E ser um viajante, esperei longamente
E olhei por uma delas tão longe quanto pude
Até onde se perdia entre as plantas rasteiras;

Então tomei a outra, tão boa quanto,
Tendo talvez a melhor reivindicado
Pois era gramada e convidativa
Embora passassem por ali da mesma forma
Gastando-as mais ou menos por igual,

E ambas naquela manhã igualmente repletas
Em folhas que nenhum passo tornara pretas
Ah, eu guardei a primeira para outro dia
Ainda que soubesse como um caminho leva a outro
Duvidei se um dia voltaria atrás.

Eu contarei isso enquanto suspiro
Em algum lugar tempos a frente:
Duas estradas bifurcavam em um bosque, e eu,
Eu tomei aquela menos percorrida,
E isso fez toda a diferença.

Nota: Eu não sou tradutor de poemas e, ironicamente, não me ative a forma e estrutura tão defendidas por Frost. Minha intenção foi apenas transmitir a mensagem principal da obra original. Mas é como dizem: “traduttore traditore“. A melhor maneira de se apreciar o poema, é em sua linha original, que está ao lado.

The Orville – A Estrada Não Tomada [Análise em Vídeo]

Pensamentos Soltos no Espaço

  • Este bem que poderia ter sido a criação do “Universo Espelho” de Orville. Pena que a Orville é destruída.
  • Bacana como no “universo do mal” todo mundo tem uma cicatriz na cara.
  • Neste universo, Alara e LaMarr tiveram um caso no passado que não deu certo.
  • Na Academia de Treinamento da União Planetária, a Union Point, existe uma matéria sobre viagem no tempo, que explica porque é uma má ideia voltar no tempo para matar Hitler! Genial!
  • Muito bacana eles mostrarem que não é porque podemos ir com a nave no espaço, que ela resiste a pressão do oceano.
  • Ed e Gordon estão fugindo dos Kaylons no começo do episódio: É muito bacana ver a nave ligar o Motor Quântico olhando para trás. Sempre vemos “para onde estamos indo” e não “o que estamos deixando para trás”. Muito bacana!
  • Nota: O modelo de buraco negro utilizado no episódio não é “o Buraco Negro do Interstelar [Interstellar]“, ele é baseado na simulação do astrofísico, escritor e poeta francês, Jean-Pierre Luminet. Em 1979 ele criou a primeira “imagem” de um buraco negro usando apenas um computador antigo, muita matemática e nanquim.

Jean-Pierre Luminet e o “Buraco Negro do Interstelar”

The Orville – A Estrada Não Tomada [Imagens]

Referências encontradas no Episódio:

TT-8L/Y7, Droid Porteiro do Palacio do Jabba em Star Wars: O Retorno de Jedi [The Return of the Jedi]

  • Reavers de FireflyScavengers de The Orville

Em Firefly:

“Se eles pegarem a nave, eles nos estuprarão até a morte, comerão nossa carne e costurarão nossas peles em suas roupas. E, se tivermos muita, muita sorte, eles farão isso nessa ordem.”

Zoë Alleyne Washburne

Em Orville:

“Sem Pânico? Eles vão cortar nossa pele e usar como roupa!”

Gordon Malloy
  • Referências musicais podem ser ouvidas por todo e episódio. Star Wars, Star Trek, Duna
  • A Andromeda Ascendant, da Série de Tv “Andromeda”, fica presa no Horizonte de Eventos de um Buraco Negro em seu Episódio Piloto.
  • A cena da Orville saindo da Terra, é uma homenagem ao Super Homem de Richard Donner de 1978. Com o Verdadeiro Super Homem, Christopher Reeve! Nesta parte, a trilha sonora grita Khaaaann! (Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan [Star Trek II: The Wrath of Khan])

Onde encontrar Temas Parecidos

Linhas do Tempo Alternativas

  • Star Trek (J.J. Abrams, 2009) – O filme da inicio a chamada “Linha do Tempo Kelvin”.
  • Jornada nas Estrelas: EnterpriseFrente de Tempestade, Partes 01 e 02 [Storm Front, Part 01 and 02]
  • Jornada nas EstrelasA Cidade à Beira da Eternidade [City on the Edge of Forever]
  • Jornada nas Estrelas: A Nova GeraçãoElo Perdido [Yesterday´s Enterprise]
  • Jornada nas Estrelas: Deep Space NinePassado Imperfeito, Partes 01 e 02 [Past Tense, Parts 01 and 02]
  • Jornada nas Estrelas: VoyagerNon Sequitur [Non Sequitur]
  • ande 02]
  • Jornada nas Estrelas: VoyagerAtemporal [Timeless]
  • Star Trek: Early Voyages (Quadrinhos)- No arco da história “Futuros”, Mia Colt acidentalmente ativa a energia do táquion suspensa em uma lembrança algoliana quando ela o examina com seu tricorder. Como resultado, ela é enviada 39 anos à frente no tempo para 2293 e, assim, cria um cronograma alternativo. Após seu desaparecimento, James T. Kirk, recém-formado pela Academia da Frota Estelar, foi designado para substituí-la como o Ordenança do Capitão Pike.
  • No episódio “Shredderville” do desenho das Tartarugas Ninja [Teenage Mutant Ninja Turtles] de 1987, as Tartarugas pensaram que de alguma forma entraram em uma linha do tempo alternativa / mundo / realidade onde as Tartarugas nunca existiram, em que Demolidor tomou conta do mundo, Rocksteady e Bebop ainda são humanos e April O’Neil sua serva. Humanos e Mutantes são inimigos em comum por causa de Krang e seus aliados da Dimensão X. Ah, e no topo de tudo isso, tudo nesse mundo está desmoronando.
  • The 4400: Na história de duas partes “Gone”, a mulher do futuro, que se apresentou como a irmã de Maia, Sarah Rutledge e seus cúmplices sequestram cinco crianças “4400”, e as transportam mais para trás no tempo, a fim de criar uma linha do tempo alternativa.
  • A Quinta Dimensão [The Outer Limits] (1995) – Em “A Stitch in Time“, várias linhas de tempo alternativas são criadas devido a uma viagem no tempo e em sua sequencia, “Final Appeal“, Ezekiel diz aos juízes da Suprema Corte dos EUA que a viagem no tempo lhe ensinou que o futuro é maleável e, como resultado, é mais preciso falar sobre futuros no plural. Ele testemunhou vários cronogramas diferentes. Ele cita o exemplo de uma raça alienígena lançando um ataque de retaliação devastador na Terra no século 24 em uma dessas linhas do tempo (como visto na “Teoria da Relatividade“) como evidência de que a tecnologia é inerentemente má e destrutiva para a humanidade. Os eventos de outros episódios presumivelmente ocorrem em diferentes linhas de tempo alternativas.
  • O Exterminador do Futuro: As Crônicas de Sarah Connor – A série começa depois do filme O Exterminador do Futuro 2: Dia do Julgamento, onde Sarah e John Connor saltaram entre 1999 e 2007, pulando a morte de Sarah de câncer em 2002 e a data em que o Dia do Julgamento teria acontecido se A Rebelião das Máquinas fossem canônicas. O Exterminador do Futuro: A Salvação, por outro lado, continua a partir da continuidade da O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas.

Para saber mais sobre linhas do tempo alternativas e universos paralelos, veja em nosso “Glossário da Ficção Científica”, sob o termo “Multiversso

Ficha Técnica

Direção: Gary S. Rake
Roteiro: David A. Goodman
Lançamento: 25 de Abril de 2019
Participação Especial: Halston Sage como Alara Kitan

A Estrada Não Tomada
  • Direção
  • Roteiro
  • Diversão
  • Construção de Mundo
  • Batalhas Espaciais
3.8
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The Orville: Primeira TemporadaGuia da Primeira Temporada
The Orville: Segunda TemporadaGuia da Segunda Temporada
The Orville: Terceira TemporadaGuia da Terceira Temporada

Episódio Anterior:
Amanhã, e Amanhã e Amanhã [Tomorrow, and Tomorrow and Tomorrow]

Próximo Episódio:
The Orville: Terceira Temporada!
(EM BREVE!) #RenewTheOrville

Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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