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The Orville – Sangue dos Patriotas

The Orville – Sangue dos Patriotas

Sangue dos Patriotas, nos coloca pouco tempo após a batalha contra os Kaylon no episódio anterior, nos trazendo uma história intima e pessoal sobre Gordon Malloy, o único personagem que The Orville que ainda não tinha um episódio exclusivo dele. É incrível como este episódio consegue se manter após a explosão que foi o último.

Sangue dos Patriotas

O décimo episódio da segunda temporada de The Orville, começa com Yaphit recebendo uma medalha por sua participação durante a Batalha contra os Kaylon, e é sempre divertido ver a tripulação toda em um momento de descontração, principalmente depois de tudo que eles passaram. Yaphit é daqueles personagens secundários que quando estão em tela, só conseguimos prestar atenção nele! O trabalho de voz de Norm MacDonald é simplesmente fantástico, nos transmitindo que Yaphit é realmente um cara legal que todos adoraríamos ter por perto.

Um detalhe nesta cena, no meio da tripulação, está Isaac, como se nada tivesse acontecido. Era de se esperar que as pessoas tivessem um pé atrás com ele durante este processo de reintegração dele com todo mundo. Acho que teria sido interessante, já que a história não é focada nele, usar uma narrativa visual, mostrando ele um pouco afastado do resto da tripulação assim potencializando o dano que foi causado pelos Kaylon. Nada que estrague a cena, mas vejo como uma oportunidade perdida.

Mercer é comandado a ir de encontro com uma nave Krill, para iniciar as tratativas de paz com eles. O que acho interessante aqui, é que não é Mercer que irá resolver tudo, afinal de contas ele é um capitão em meio a uma frota inteira. O episódio deixa claro que este é um documento que será assinado para que posteriormente almirantes e diplomatas dos dois lados possam se reunir em um ambiente seguro para que as negociações sejam realmente feitas.

Mercer inclusive fala que provavelmente existam pessoas mais qualificadas para o trabalho, mas o almirantado discorda, visto que ele e Gordon foram os únicos que se infiltraram em uma nave Krill, e Mercer tem o histórico com Teleya, que parece não ser muito bem visto Almirante Perry, interpretado por Ted Danson. Existe uma leve mudança no tom da voz dele quando ele toca no assunto. Bem divertido e muito bem entregue. Sempre bom ver Danson trabalhando.

Ao chegarem no local de encontro, algo de estranho acontece. A nave Krill está atirando em uma de suas pequenas naves auxiliares, que foge em direção da Orville pedindo por socorro. Quando são resgatados, Gordon reconhece o piloto fugitivo como seu amigo Orrin (Mackenzie Astin).

Orrin salvou a vida de Gordon durante um ataque Krill, 20 anos antes, e desde então esteve preso em uma cela como um prisioneiro de guerra. A mulher dele, e depois descobriremos que sua filha também, foram mortas neste ataque.

Orrin conseguiu fugir, mas está sendo perseguido sob a acusação de ter destruído naves Krill e matado cerca de 12 mil pessoas. O método entretanto permanece desconhecido, mas mais tarde descobriremos que a suposta filha dele, é na verdade uma alienígena de uma espécie que tem em seu sangue uma substancia que, quando em contato com oxigênio, se torna um explosivo.

Para Orrin, a guerra é real, apesar do cessar fogo e do início das tratativas de paz. 20 anos preso e sendo torturado, tendo perdido sua família no ataque. Orrin é uma pessoa que quer vingança, justificável. Orville mais uma vez escolhe nos mostrar que não existe saída fácil.

O conflito do episódio é extremamente bem amarrado, colocando Gordon e Ed em saias curtas, quando o dever e a amizade estão em lados opostos da mesa. Gordon quer ajudar o amigo de juventude, e para isso teria que trair a União Planetária, que pretende extraditar Orrin para prosseguir com as tratativas de paz, e pior ainda, Ed, que ele considera seu maior amigo. Ed por sua vez, quer ajudar Gordon, mas tem a responsabilidade de iniciar as tratativas de paz, que trarão segurança e benefícios para muitos.

O conflito de Orrin é interno. É um monstro que ele tem que combater dentro dele, e o que o roteiro espertamente nos mostra é que estes conflitos não são resolvidos com um discurso inflamado. Um prisioneiro de guerra pode nunca se recuperar do trauma, e mesmo que a guerra seja formalmente terminada, com papeis assinados e carimbados; para ele a guerra continua.

Gordon precisa decidir o que fazer. Trair uma amizade de juventude, ou trair seu melhor amigo e toda a tripulação da Orville. Ele procura conselho em Keyali, que escuta o que Gordon tem a dizer e calmamente lhe informa que “no momento que ele contou a ela, ele já tinha tomado uma decisão”.

Subversão de expectativa deveria ser o nome dessa série. Como eles fazem isso bem! No momento que Gordon sai da sala de
Keyali , ele vai como uma flecha, sem nenhuma música, comente o som de seus passos, para falar, acreditamos nós, com Mercer. Mas ele abre a porta e chama por Orrin para fugirem da nave. Chegando ao hangar para roubarem uma nave auxiliar,Keyali está lá, esperando por ele e Gordon atira nela. O que está virando costume, Keyali toma um tiro por episódio agora.

Assim que eles fogem, e ela se levanta, Mercer fala com ela pelo comunicador. O plano estava em andamento. Gordon havia falado com ele antes. Simplesmente fantástica a maneira como somos manipulados de um lado para o outro. Seth MacFarlane é realmente um roteirista que possui um controle enorme sobre o espectador.

Eles precisam descobrir como Orrin destruiu as naves, então Gordon vai com ele para saber qual o plano dele. Orrin usava o sangue de sua companheira, que todos acreditavam ser sua filha, como o explosivo. E Orrin quer a ajuda de Gordon para “acabar com a paz”. Ele quer que a guerra continue, e usa todo o apelo emocional que pode, dizendo que ele salvou a vida de Gordon e pagou 20 anos por isso.

Aqui existe um leve problema: Ninguém na ponte de comando sabia sobre o sangue dos Envall. Dra. Finn sabia, mas ela é uma médica experiente, e provavelmente já havia lido algum artigo médico a respeito, mas Gordon saber a respeito, quando ninguém mais na ponte de comando sabia, me parece um pouco empurrado em nossa goela. Não é um enorme problema, mas soa estranho quando assistimos a cena de revelação do sangue. Voltando…

Gordon, apesar de ser grato pelo amigo tê-lo salvo 20 anos antes, não quer participar de uma missão suicida. Ainda mais por uma causa que não acredita! Com os controles da nave auxiliar destruídos, e com a “bomba de sangue” em contagem regressiva para explodir, a única saída é abandonar nave. Gordon coloca sua roupa espacial, mas Orrin não. Os dois se olham pela última vez enquanto a porta se fecha, separando-os definitivamente.

Gordon se lança ao espaço, sem controle de seu destino, e é empurrado pela explosão da nave auxiliar, lançando-o desgovernado na escuridão do espaço. Uma cena muito bem dirigida e angustiante, focada no rosto de Gordon enquanto vemos o espaço girar, tomando-nos completamente o senso de localização. Quando tudo parece perdido, a luz do raio trator da Orville o resgata.

Ed consegue assinar o documento que dará início as tratativas de paz entre a União Planetária e os Krill. A semente está plantada…

Gordon e Ed precisam conversar. A amizade deles estava em jogo. Ed assume ter tido ciúmes da amizade de Gordon e Orrin. Gordon diz que nada vai destruir a amizade deles. Gordon fala que o amigo dele morreu 20 anos atrás. Que aquele que estava aqui não era ele. E obviamente não era! A guerra muda as pessoas. Uma pessoa que passa duas décadas preso, sendo torturado, se torna outra pessoa. Como o turno deles acabou, Ed oferece uma cerveja para Gordon, para que ele possa contar sobre o amigo dele.

Este episódio tinha uma missão muito difícil de suceder “Identidade, Parte 01 e Parte 02”, e fez com grande competência. The Orville, simplesmente não desaponta.

Pensamentos Soltos no Espaço

  • A cena que Keyali tem que enrolar os Krill para embarcarem na Orville, é simplesmente hilária! Curiosamente após assistir este episódio fui assistir Babylon 5 e tem uma cena que a Tenente Comandante Ivanova passa pela mesma situação de ter que usar da burocracia para segurar o pessoal na alfândega.
  • Outra cena engraçada, e a que a Envall, Leyna, tenta render Keyali. “Você nunca viu uma Xelayana? Booommm! Agora ouviu…” Genial.
  • Os Krill parecem ter um interesse em entrar na União Planetária, visto que estão em guerra contra os Chak’tal, que são inimigos perigosos. Caso os Krill entrem para a União, os Chak’tal passam a ser inimigos dela também, protegendo os Krill de certa maneira.

Veja nossa análise em vídeo

Ficha Técnica

Roteiro: Seth MacFarlane

Direção: Rebecca Rodriguez (Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões, Machete, Machete Mata)

Curiosidade: Rebecca Rodriguez é irmã de Robert Rodrigues de El Mariachi, Sin City, Planeta Terror, Um Drink no Inferno, A Balada do Pistoleiro e Alita: Anjo de Combate.

Estreia: 08 de março de 2019

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Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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