The Orville – Segunda Temporada – Lar [Home] – Análise
The Orville continua sua série de episódios que se concentram em enredos mais emocionalmente satisfatórios, fazendo de Alara o foco central de “Home“, ou “Lar” aqui no Brasil (Qualquer semelhança com o episódio da segunda temporada de The Expanse, é coincidência), enquanto ela viaja de volta para a casa sua família, a fim de buscar uma cura para sua força que vem se deteriorando rapidamente a bordo da Orville. Enquanto em seu planeta natal, Alara reacende velhas disputas com seu pai e mãe sobre sua trajetória profissional, vida amorosa e contratempos da infância em comparação com outras de sua espécie – basicamente uma questão que qualquer um que já tenha saído de casa e volte para visitar entende e suporta.
“Lar” tem mais ação que “Ja’loja” ou “Primal Urges“, mas sua principal função é o desenvolvimento de personagem, neste caso Alara. E faz isso de forma eficaz, tirando nossa abridora de potes favorita o que ela acredita ser sua maior força para mostrar do que ela realmente é feita.
Em um esforço para limpar a tensão que vem aumentando entre a família, os pais de Alara decidem que todos eles passem algum tempo em uma casa de praia isolada, onde encontram outro casal que acaba sendo muito mais do que aparece a primeira vista. Seu verdadeiro motivo é revelado durante uma refeição juntos, onde eles explicam, enquanto mantém Alara e sua família sob a mira de uma arma, que eles são os pais de um estudante aluno de Ildis Kitan (Robert Picardo, de Jornada nas Estrelas: Voyager e Stargate SG-1, Atlantis e Universe), pai de Alara, cujo trabalho foi publicamente contestado por ele levando ao seu suicídio. Seu esforço de vingança coloca Alara em ação ao resgatar sua família do casal, mostrando assim que sua escolha de carreira não foi em vão.
Enquanto isso, os membros da tripulação do The Orville descobrem uma solução para a deterioração da força de Alara que permitiria que ela permanecesse em seu posto como oficial de segurança a bordo da nave e correm para busca-la apenas para chegar a tempo de salvar sua família. Apesar de emocionada pelo esforço eterno da tripulação para ajudá-la a retornar, ela recusa o tratamento, optando passar mais tempo com sua família em um esforço para reparar seu relacionamento com eles. Isso deixa a tripulação forçada a suportar seu novo oficial de segurança, Tharl (Patrick Warburton, de The Tick e Seinfeld), que possui incessantes hábitos alimentares e dois esôfagos parecem uma indicação precoce dos aborrecimentos que ele trará para a tripulação, mas também prometem oferecer alguns momentos cômicos sólidos no futuro.
No fundo Alara sempre teve um certo complexo de inferioridade. Apesar de ser a pessoa mais forte a bordo da Orville, ela duvida de si mesma e das habilidades. O Episódio “Firestorm” da primeira temporada demonstrou o quanto ela está disposta a provar seu valor quando realizou uma ofensa digna da corte marcial para testar suas habilidades como chefe de segurança. Sua vida amorosa sem brilho ou, até mesmo, inexistente, também é um ponto de discórdia com ela, já que ela não acha que alguém a aceitará como ela é, com exceção do Capitão Mercer. “Firestorm” também estabeleceu que o gatilho para seus sentimentos de inadequação são seus pais, que menosprezam seu serviço militar e querem que ela volte para casa e seja uma garota Xelayana mais tradicional. “Lar” pega esses pontos e os expande, adicionando mais camadas a um dos personagens mais queridos de The Orville.
Alara, ao que parece, nunca foi a favorita de seus pais. Sua irmã mais velha, Solana, é seu orgulho da família, uma estudante de medicina comprometida em se casar e que é perfeitamente feliz em casa em Xelaya. Isso oferece algumas pistas sobre por que Alara saiu de casa. Ela sempre seria a filha menor em casa, mas em qualquer outro lugar ela é a pessoa mais forte que existe. Ainda assim, porque seu desejo por força física vem de suas inseguranças, não é o suficiente para ela, e ela deve continuar demonstrando suas proezas, mesmo que apenas para si mesma. O fato de ela ficar debilitada reforça seus sentimentos de inadequação. Ela fica literalmente imóvel em torno de sua família, incapaz de escapar de seu julgamento e condescendência.
Parte do que faz deste episódio tão bom, no entanto, é que não é uma posição seca quanto Alara ter uma família ruim. Seus pais a amam e suas advertências equivocadas e sem tato vêm de um bom lugar. Eles querem que ela tenha uma vida feliz, mas não ocorre a eles que ela poderia ter uma de qualquer outra maneira, exceto a que os Xelayans praticam. Solana até admite ter inveja de Alara, desejando que ela pudesse participar das aventuras que sua irmã mais nova experimenta todos os dias. E Alara, quando tem tempo para sonhar acordada, imagina-se não lutando contra algum monstro ou escalando uma montanha, mas andando pela praia a cavalo ou qualquer o nome daquela criatura parecida a um cavalo que estava montando. Algo que seus pais achariam mais condizente com ela.
A resposta para o seu impasse reside na resposta de Alara à sugestão de sua irmã de que a inveja do forte é a inteligência enquanto do esperto é a força: “Por que uma pessoa não pode ter os dois?” Quando a família dela está em perigo, Alara mostra a ela seu valor, salvando suas vidas, empregando tanto seu domínio de armas quanto sua astúcia para enganar seus possíveis assassinos. Além disso, ela os força a agir também, particularmente seu pai, dando a ele a força que ele nunca pode a ela, permitindo que ele salvasse a vida de Mercer. Quando acaba, e seu pai se desculpa as lágrimas por não ser o pai que ela merecia. “Me desculpe por me ter como seu pai” Alara finalmente é capaz de entendê-lo e o que ele queria para ela. Cena forte e rara de se ver, embora Orville esteja tornando este tipo de cena mais frequente. Agora, com suas dúvidas e medos desaparecidos, Alara está pronta para conhecer sua família e mostrar quem ela realmente é.
O final do episódio não poderia ser melhor, com uma felicíssima escolha de direção, onde nada mais precisa ser dito. Nenhuma palavra é dita. Uma cena belíssima e poderosa, só possível depois de um bom tempo desenvolvendo personagens. Ela se despede de cada membro da tripulação e deixa Mercer o presente mais perfeito possível: Um Pote de Picles. Agora Mercer e a tripulação da Orville terão que aprender a abrir seus próprios Podes de Picles.
Este episódio fez o que “A Essência do Mal” [Skin of Evil], de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, falhou em fazer. Tasha Yar (Denise Crosby) não havia sido tão bem desenvolvida como Alara, tornando sua participação final, um alívio. Esta cena será discutida mais a fundo em nossa análise daquele episódio.
Jogando lenha na fogueira dos rumores que Halston Sage deixará The Orville, “Lar” faz pouco para nos dissuadir que isso se tornará uma realidade. No entanto, ela ainda está listada no elenco para o restante da temporada e parece haver uma possibilidade de que ela possa retornar mais tarde, quando a porta foi deixada aberta para ela voltar. Por enquanto, ficamos com Tharl e seu duplo esôfago como chefe de segurança da Orville. De qualquer forma, a tripulação da Orville é alterada para o futuro previsível e, enquanto Alara era uma força central, ainda é preciso ver como a ausência dela afeta a equipe. Embora possa haver mais nesta história do que é atualmente conhecido, espero que isso não seja negativo para o programa. Não creio que será.
A porta está aberta para ela voltar, e alguns estão especulando que Halston Sage está tirando uma licença. Eu certamente espero que sim. Mas se ela for embora para sempre, essa foi uma despedida tão adorável quanto ela poderia ter conseguido.
“Home” é um episódio agridoce, triste em seu adeus a um personagem maravilhoso, mas gratificante por seu desenvolvimento dela. Eu não o vejo como um episódio favorito de ninguém, mas com uma trama precisa que foca em um membro da equipe, um planeta fascinante e um clímax tenso, ele é uma boa canção para a Halston Sage. Volte logo, Alara!
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Pensamentos soltos no Espaço
- O Personagem de Cambis Borrin é interpretado por John Billingsley, que interpretou o Dr. Phlox em Star Trek: Enterprise.
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