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Tom e Jerry e a Trilogia Scifi de Chuck Jones!

Tom e Jerry e a Trilogia Scifi de Chuck Jones!

Quem diabos é Chuck Jones?

Então você não sabe quem é Chuck Jones? Ok, não vou contar para ninguém. Vai aqui um breve resumo da obra dele, para você correr e se apaixonar!

Charles Martin “Chuck” Jones (21 de setembro de 1912 – 22 de fevereiro de 2002) foi um animador, cineasta, cartunista, escritor e roteirista americano, mais conhecido por seu trabalho com os quadrinhos da Warner Bros. nos filmes Looney Tunes e Merrie Melodies. Escreveu, produziu e / ou dirigiu muitos curtas clássicos de desenhos animados estrelando Pernalonga, Patolino, Wile E. Coyote e o Papa Léguas, Pepe Le Gambá, Gaguinho e uma série de outros personagens da Warner.

Depois que sua carreira na Warner Bros. terminou em 1962, Jones iniciou a Sib Tower 12 Productions, e começou a produzir desenhos animados para a Metro-Goldwyn-Mayer, incluindo uma nova série de curtas de Tom e Jerry e a adaptação para TV de Como o Grinch roubou o Natal, do Dr. Seuss. Mais tarde, ele começou seu próprio estúdio, Chuck Jones Enterprises, que criou vários especiais não peródicos e trabalhou periodicamente em obras relacionadas a Looney Tunes.

Jones foi indicado ao Oscar oito vezes e ganhou três vezes, recebendo prêmios pelos cartoons For Scent-Imental Reasons, So much for So Little, e The Dot and the Line. Ele recebeu um Prêmio da Academia Honorária em 1996 por seu trabalho na indústria de animação. O historiador Leonard Maltin elogiou o trabalho de Jones na Warner Bros., MGM e Chuck Jones Enterprises. Ele também disse que a “briga” que pode ter havido entre Jones e seu colega Bob Clampett foi principalmente porque eles eram muito diferentes um do outro. Em The 50 Greatest Cartoons (50 Maiores Desenhos Animados), de Jerry Beck, dez das inscrições foram dirigidas por Jones, com quatro dos cinco primeiros sendo de Chuck Jones.

Vamos a Trilogia Scifi!

O-Solar Meow

Ao melhor estilo de uma Máquina de Pinball, uma bola branca rotulada como Satélite de Fornecimento nº 1 [Supply Satellite No.1] é atirada para o espaço. Ele cai em uma ranhura que corre ao longo da borda externa da Estação Espacial No.1 [Space Station No.1] e se move como uma bola em uma roleta até que finalmente chega ao compartimento 36.

O jogo de Gato e Rato começou, e nossa diversão também. A “bagagem” é depositada em uma esteira e um dos pacotes é um grande pedaço de queijo, o qual obviamente atrai Jerry. Ele entra em seu veículo “Space Age” e vai atrás do que viu em seu monitor, mas logo quebra um feixe sem sequer notar. Este feixe dispara um foguete, que aciona uma máquina de Rube Goldberg, ao melhor estilo do jogo de DOSThe Incredible Machine“, para alertar o gato residente de plantão: Tom.

Aqui já temos uma rápida crítica sobre como nós conseguimos criar um sistema para nos tirar do nosso estado de maior calma, e já nos colocar para trabalhar o mais rápido possível. Tom é jogado em sua cadeira de trabalho na frente de seu monitor de vigilância e acorda com um jato de água. Tom acorda e, vendo Jerry em seu veículo de queijo, sinaliza seu gato robô para ir atrás dele.

Ao ser arrastado no meio da perseguição, Tom acaba batendo com a cara na parede. Tom então corre até seu robô, vira-o e chuta-o. Todos os três dedos do pé de Tom incham vermelhos e Tom é deixado para segurar o pé e pular de dor. Máquinas não sentem dor, você sim.

Temos uma sequência interessante, quando Tom, inventivo como sempre, testa sua máquina de corte Laser, cortando um cofre e um recipiente de água. Agora ele sabe que funciona e abre uma porta enorme ao redor do buraco de entrada da morada de Jerry! Jerry se inspira por Rocketeer e veste seu Jetpack e sai para enfrentar seu oponente. Ele usa FUMAÇA para cegar o gato! Mesmo neste futuro, ainda não nos livramos de combustíveis fósseis? Tom vai a enfermaria depois de ter sido cortado ao meio pelo laser. Nosso combustível não melhorou, mas a medicina sim!

Jerry não é o único a brincar com o Jetpack! Tom logo arruma um para ele também, mas não tem a mesma habilidade de seu antagonista roedor. Existe uma perseguição aérea. Nesta cena que me veio um pensamento. “A Estação Espacial tem gravidade artificial!”

Tom finalmente captura seu oponente e o segura na ponta da bala. Sim, nada de armas laser ainda, aqui é na bala! Talvez ainda não tenham a tecnologia necessária para miniaturizar o laser que Tom usou algumas cenas atrás… Tom catapulta Jerry para a Lua, inspirado por Georges Méliès (Le Voyage dans la lune, 1902).

Radiante com sua vitória, Tom começa a atirar por todos os lados e acaba furando a Estação Espacial como um queijo suíço! Tom não pode ganhar, e logo é visto remendando os furos da estação e a re-inflando com uma bomba de bicicleta.

Já Jerry, está todo feliz, já que a Lua é feita de queijo e ele está se esbaldando!

Do uso  de robôs aos jetpacks; de nossa escravização laboral ao transporte de substâncias ilegais na estação; de uso de combustível fóssil a super medicina, “O-Solar-Meow” transita da utopia para a distopia, usando imagéticas de ficção científica com uma facilidade ímpar.

E não podia falar deste episódio sem falar do título. Em uma referência óbvia a famosa canção napolitana “O Sole Mio” (Oh Sol Meu!), aqui temos o uso da palavra “Solar“, e um miado “Meow“.

Enquanto a canção fala sobre um outro “Sol” que brilha na noite, o rosto belo da amada, hoje o desenho se mostra um outro “Sol” em um mundo onde poucos desenhos iluminam a noite.

“Que bela coisa uma jornada de sol,um ar sereno depois de uma tempestade.”

Guided Mouse-ille

O ano é 2565. Quando finalmente Star Trek resolver seguir em frente com história, Tom e Jerry estarão esperando!

O desenho segue os moldes de O-Solar-Meow, com Jerry procurando por queijo, e Tom dormindo e sendo acordado repentinamente para trabalhar! Jerry agora tem um avatar autômato também, e o instrui a pegar o queijo por ele. Tom manda o mesmo do antigo episódio. Percebe-se que a tecnologia evoluiu um pouco… Tom agora usa sensores infravermelho para captar a invasão de Jerry.

Um ponto que acho curioso é: Os robôs são autônomos até a primeira vírgula. Tanto Jerry, quanto Tom, continuam tendo acesso e controle sobre as criaturas, quase como se estivessem com um joystick nas mãos disputando em um videogame. Aqui eles ainda tem controle sobre suas criações. Mais sobre isso depois…

Segue uma perseguição pelos corredores da instalação. Com os dois oponentes aumentando cada vez mais a velocidade de seus representantes. Sem se importar com qualquer dano estrutural que possa ser causado. Tom vê o robô-Jerry aproximando-se do monitor e saindo do fundo do computador, e olha para a máquina que está desaparecendo. Tom volta para o monitor apenas para ver seu representante atravessando a tela e causando destruição na sala. Um atordoado Tom bate na cabeça ainda ativa do robô para desliga-lo. Ou seria: derrubá-lo inconsciente?.

Após consertar seu terminal, Tom vê Jerry vitorioso com o queijo. Entra outro dispositivo clássico da FC. Uma Câmara de Invisibilidade. Com um simples apertar de um botão, Tom está invisível. Por pouco tempo, visto que Jerry o suja com tinta tornando-o visível novamente, faz com que a arma dele exploda em sua própria cara e o torna invisível novamente! Apenas para deixar Tom sem o socorro dos Médicos! Jerry é um sádico! Por sorte, parece que os médicos não tem quaisquer dificuldades para localizar Tom, e o carregam como se tudo estivesse normal.

A cena se repete, desta vez com o Tom Robô indo as portas de Jerry com uma arma. Mas algo está diferente! Agora ele é bípede e caminha ereto. Estaria o gato robô evoluindo e se copiando a imagem de seu criador? Parece que sim, já que suas habilidades em sobrepujar o rato são tão eficientes quanto as de seu mestre. Mas ao ter seu rosto explodido, o Robô chora. Chora de frustração, de dor(?). Isso o deixa com raiva! E ele corre para vingança contra Tom. E ele consegue e se regozija em uma risada que Muttley ficaria orgulhoso! O Robô agora tem sentimentos!

Tom também tem sentimentos, e é torturado por Jerry com um “Magno-Pad“. O Magno-Pad é um eletroímã, que Jerry usa para bater na cabeça de Tom, mesmo após ele implorar para Jerry parar.

Uma grande e complexa equação matemático-química com = Mc3 (kaboom!) é mostrada em um quadro negro e Tom é visto fazendo uma grande quantidade de poção explosiva baseada nele. A câmera corta para Jerry, que vê Tom em seu monitor, e está comprimindo a roda de queijo em uma pequena quantidade de um líquido altamente volátil. Ele enche um projétil com ele, voa acima de Tom em uma canhoneira e joga a micro-bomba na poção. Tom aponta para o tanque … e, em seguida, ocorre uma grande explosão.

Quando a fumaça se dissipa, o tempo se reverteu à Idade da Pedra. Tom, que agora é um Gato das Cavernas, sai de uma caverna com um porrete e logo vê Jerry, também um Rato das Cavernas. Ele tenta bater o rato, mas Jerry mostra-lhe o osso, que eles compartilham. Enquanto Tom e Jerry compartilham o osso, Tom acidentalmente encosta a boca em Jerry e o acha delicioso. Tom tenta comer Jerry, e outra perseguição começa. A última perseguição do futuro e a primeira perseguição da Idade da Pedra como “THE END” em três pontos de interrogação aparece acima.

“Tudo isso aconteceu antes, e acontecerá novamente”, diria a Número Seis para Dr. Gaius Baltar em Battestar Galactica… Este é um outro tema recorrente em Ficção Científica, o do tempo cíclico, onde as histórias se repetem e nem sempre a causa vem antes do efeito. Como vimos em “O Exterminador do Futuro” ou em “Planeta dos Macacos“, ou ainda em “Os 12 Macacos“!

Referência direta a Einstein aqui, que dizia não saber como seria a terceira guerra mundial, mas que a quarta seria disputada a paus e pedras. Tom e Jerry foram ampliando seus armamentos a níveis cada vez maiores, até que destroem tudo ao seu redor. Aqui falamos do Terror Atômico, tão influente na literatura de ficção científica da época. Enquanto Planeta dos Macacos foi lançado em 1968, este foi do ano anterior.

O título deste episódio (“Guided Mouse-ille“) me deu um pouco de trabalho para identificar sobre o que estavam falando. Meu cérebro ficou preso em “limousine” por algum motivo. Depois de uma breve pesquisa a respeito da terminação “Ille“, que vem do Latim, me levando a nada que se relacionasse ao episódio, e depois de pesquisas sonoras que sempre me levaram ao “Mozilla Firefox”, me veio a epifania! “GUIDED MISSILE!” Míssil Teleguiado! Genial, simplesmente genial.

Este episódio tem um segundo título, “Science on a Wet Afternoon“, algo como “Ciência numa tarde chuvosa“. Me da a impressão que fala diretamente sobre não poder sair para brincar por causa da chuva, então acabamos jogando bola dentro de casa e quebramos alguma coisa… Outra leitura seria a noite fria que geralmente segue uma tarde de chuva.

Advance and Be Mechanized

Aqui estamos em um planeta de queijo. Talvez a uma estação lunar? Temos outros Robôs agora, não só os avatares de Tom e Jerry, mas agora temos trabalhadores mecânicos para a extração de queijo. Jerry manda seu robô pessoal pegar seu almoço. Tom, agora definido como policial, encaminha seu representante robótico para fazer o serviço. O gato-robô captura e desmonta o rato-robô recuperando o queijo.

Na hora do almoço, Tom entra na fila dos Robôs para receber seu alimento. Ele ganha óleo, como todo mundo. Aqui é um mundo uniforme, onde suas necessidades individuais são ignoradas. Recebemos o que todos recebem.

Na mesma cena, seguindo os outros curtas da era espacial de Chuck Jones, Tom o avista pelo sistema de câmeras, e ao de ser visto, Robô-Jerry corre mais uma vez da câmera, Tom chama seu servo. Em seguida, em uma perseguição que lembra A-Guided Mouse-ille. A cena termina com o Robô-Tom batendo no batente da porta.

Ao voltar para sua mesa de comando, Tom encontra seu antigo servo, todo enfaixado, em seu lugar. Depois de tanto maltrato, agora ele diz: “NÃO!” Agora ele coloca um capacete de controle em Tom, que é agora controlado. O escravo é agora o mestre, e o mestre o escravo. Jerry ri da situação, mas seu divertimento dura pouco. Ele também será controlado por seu antigo serviçal.

Agora Tom e Jerry, com seus capacetes de controle, ficam perpetuamente numa perseguição. As posições se inverteram, mas as relações são as mesmas…

Este foi o episódio que me inspirou para escrever o texto. Estava passando no canal Boomerang, e fui rapidamente atraído pela estética de Ficção Científica. Não haviam se passado nem duas cenas e já vi percebi que existia muito mais por trás do que olhos desatentos enxergariam.

Dos três, este é o título mais direto. Advance and Be Mechanized. Avance, ou evolua, e se torne mecanizado. Um título distópico, que nos transporta diretamente a Tempos Modernos (Charlie Chaplin, 1936), ou até mesmo a Metrópolis (Fritz Lang, 1927), onde uma sociedade avançada tecnologicamente, se esquece do ser humano. Um Cyberpunk sem Neon. High Tech, Low Life (Alta Tecnologia, Baixa Qualidade de Vida.). Como hoje, sem o charme.

 

Só Isso?

Não, Tom e Jerry tem outras aventuras futuristas como Mouse into Space, que cobrirei em breve…

Enquanto isso, de uma olhada em nossa sessão de Ficção Científica para Crianças!

Nos vemos no Futuro!

Newton Uzeda

Newton Uzeda, o Terceiro de seu Nome, Viajante de muitos Mundos, Sonhador de Fantasia, Leitor de Sci-fi, o Desafiador da Máquina, o Colecionador de Mundos, o "Último dos Renascentistas", Guardião de Histórias e o Questionador de Autoridades.

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