Star Trek Discovery – Segunda Temporada – Episódio 03 – Ponto de Luz – Review
O Terceiro Episódio da Segunda Temporada de Discovery, Ponto de Luz [Point of Light], nos conta três histórias paralelas. Burnham e sua mãe Amanda a Procura de Spock, enquanto investigam sua ficha médica; Tilly sento perseguida por uma “visão” de May; e L´Rell e Tyler envoltos em intrigas para a tomada de poder no Império Klingon, com uma participação especial ao final.
Michael Burnham e Amanda Grayson
Amanda (Mia Kirshner), chega a Discovery a bordo da nave de Sarek. Ela traz consigo a ficha médica de Spock, adquirida de formas escusas, e compartilha a informação com Burnham. A ficha médica, informa que Spock teria matado alguns médicos em sua fuga da instalação.
Automaticamente as duas começam a especular o que pode estar acontecendo com Spock, que o levaria a matar alguém. As opções são poucas: Ou ele estava acuado e se sentindo ameaçado, ou psicótico, ou a ficha não estaria falando a verdade.
Das três opções, fico incomodado com as duas primeiras. De uma maneira ou de outra Spock se tornaria um assassino, o que não vejo com bons olhos. O que nos leva a terceira opção: Seria uma tentativa de incriminar Spock de alguma maneira? Sua busca pelos pontos vermelhos o levou a alguma verdade que a Federação quer encobrir?
Neste episódio, como veremos mais tarde, nos trás novamente a Sessão 31 para a mesa. Colocar no roteiro o “grupo secreto de operações especiais” (Que já não é tão secreto assim…), vai de encontro com esta visão que “a federação não é tão limpa e brilhante assim”. Enquanto uns gostam desta visão outros odeiam, mas é fato que está tomando cada vez mais espaço dentro da mitologia de Jornada nas Estrelas, seja universo Prime ou Kelvin.
Uma conspiração e sempre uma maneira interessante de criar um clima de insegurança e incerteza para os personagens, tirando deles confiança em seus irmãos da Frota Estelar. Se bem trabalhado, isso pode se tornar realmente uma história interessante.
Em meio a conversa, Amanha descobre que Burnham magoou Spock de maneira possivelmente irreparável no passado. “Por isso nós quatro não podemos mais estar juntos”, diz ela em um misto de decepção e amargura. Amanha se afasta da filha com a promessa de encontrar o filho desaparecido, sozinha. simplesmente adoro este conflito! Me parece que pela primeira vez veremos Burnham lidar com um problema que ela não poderá se esquivar e receber uma medalha ao final da temporada. Se este caminho for tomado pelos roteiristas, Burnham poderá passar por um crescimento como personagem, o que será muito interessante de se ver!
Tilly e May
Tilly é de longe um dos personagens mais carismáticos de Discovery ganhando diversos fãs logo no início da Primeira Temporada, e é lógico que a produção queira capitalizar em cima deste carisma. Acho uma escolha muito acertada colocar Tilly como centro de um mistério só dela, tirando-a da cadeira de coadjuvante.
A trama dela, gira em torno daquele pequeno pontinho verde que pousou em seu ombro em “O Passado é Prólogo“, na Primeira Temporada. Este pequeno ponto reagiu de alguma maneira ao pedaço que ela extraiu do asteroide trazido para o compartimento de carga da Discovery, fazendo com que ela começasse a ver May (Bahia Whatson). Este contato com a visão de May é um problema para Tilly.
May constantemente fala que o Capitão da Discovery é muito mal e mais loiro que Pike, e no momento que vê Stamets, ela diz que “este é o Capitão“. Seria Stamets o Capitão da Discovery em algum Universo Paralelo? Ele a princípio não poderia ser o Capitão no Universo Espelho, porque lá é Tilly que se senta na cadeira de comando, usando a hilária alcunha de Capitão Killy, uma brincadeira com seu sobrenome e a palavra “Kill” (Matar).
Seria esta a entrada de Jornada nas Estrelas em um multiverso assumido. Afinal de contas, já temos o Universo Prime, que inclui TOS, TNG, DS9, VOY e ENT; O Universo Espelho da Linha Prime; O Universo Kelvin incluindo os filmes de 2009, 2013 e 2016 e agora teríamos a possibilidade de integrar estes três e mais outros quantos os produtores tiverem vontade. Discovery já tem uma grande quantidade de fãs que não a considera como sendo Prime, e os próprios produtores sempre falaram que “Discovery é CANÔNICA“. Colocando-a em um outro universo paralelo resolveria este e outros tantos problemas de continuidade que foram criados. Ainda mais com o cancelamento do Quarto Filme do Universo Kelvin
Será que a busca de Spock pelos 7 pontos vermelhos revelarão portais para outros universos? E uma pergunta que mandaram em nosso Canal do Youtube, Será que a menina que aparece no Short Treks: Fugutiva, não seria já uma primeira manifestação do fungo que está tomando conta de Tilly?
L´Rell e Tyler
Esta terceira história é a mais interessante do episódio, mas não sem algumas questões. L´Rell é a Chanceler do Império Klingon, e com toda posição política, vem oposição. Grande parte da oposição, ou pelo menos do discurso, vem do fato de L´Rell manter um relacionamento com Tyler, que na visão de muitos não é mais um Klingon depois que passou pela modificação corporal para se passar por terráqueo.
Mas este não é a única questão acompanhando L´Rell. Ela teve um filho com Voq, que foi retirado dela para uma gestação extrauterina, afim dela poder continuar com o plano de infiltrar um Klingon na Federação. Este filho é mantido escondido e afastado dela, já que é visto como uma fragilidade para a figura pública de L´Rell. Tanto o filho, quanto Tyler são peças em um tabuleiro que podem ser usadas para ferir e desestabilizar a Chanceler.
Quando os dois são atacados e rendidos por Klingons opositores, e L´Rell é forçada a passar controle do Império para Kol-Sha (Kenneth Mitchell), pai de Kol, Philippa Georgiou (Michelle Yeoh) aparece para salvar o dia.
Não só salva o dia como chega dando ordens. Ela agora faz parte da Sessão 31, um serviço não tão secreto assim. Parece que todo mundo sabe da existência deste grupo secreto e isso me incomodou um pouco. Ela argumenta da vulnerabilidade do cargo, decidem por levar o filho deles para um planeta de monges, onde ele nunca conhecerá os pais. Já Tyler, partirá com Georgiou para, o que parece, se juntar a sessão 31.
Aqui eu vejo uma oportunidade perdida: Eu gostaria de ver o filho deles sendo criado por eles em meio a um Game of Thrones Klingon, mas a maneira como o episódio termina me passa a impressão que nunca mais veremos Voquinho. Outra impressão tive é que a existência da criança Klingon só tinha uma utilidade narrativa de separar L´Rell e Tyler. Algo que poderia ser feito sem a existência do filho deles. Espero que não desperdicem esta oportunidade, como já fizeram no passado.
Direção e Pedidos de Desculpas
A direção de Olatunde Osunsanmi, que também dirigiu o Short Treks: Calypso, é energética e esperta. As movimentações de câmera são divertidas e sempre passam a sensação necessária, do senso de urgência ao aumento de tensão.
Tem uma coisa que me incomodou seriamente durante o episódio: A quantidade de vezes que eles cortam a narrativa para colocar algum “pedido de desculpas” pelos erros da primeira temporada. Uma hora é um almirante falando para Pike que eles é o único que ainda usa videoconferência neste quadrante; outra hora é Burnham perguntando para Tyler se os Klingons voltaram a deixar os cabelos crescerem.
Eu aprovo fortemente este mea-culpa, e gosto de saber que a princípio as reclamações dos fãs foram ouvidas. Isso mostra um crescimento da produção e um reconhecimento do poder do fã antigo. Mas por favor, não me cortem a narrativa do episódio para fazer um merchan de “olha como somos bacanudos”. Mostrem, não falem. Se entregarem uma boa história, e respeitarem tudo que foi feito antes, as reclamações param. Acreditem.
Pensamentos Soltos no Espaço
- Será que Spock estava no Pon Farr, por isso teve que sair correndo para Vulcano?
- O Filho de Voq e L´Rell também é Albino. Será ele o Klingon Albino de Deep Space 9, no episódio “Pacto de Sangue“?
- Só eu pensei que o nome Kol-Sha soa muito como “colcha“?
- O que será que Burnham fez para machucar Spock desta maneira?
Veja nossa análise em vídeo
Curiosidades do Episódio
- Kenneth Mitchell, que interpretou Kol na primeira temporada de Star Trek Discovery, interpretou o pai Kol-Sha.
- O Planeta que o Filho de Voq é deixado, chama-se Boreth. Worf visitará este Monastério Klingon no no episódio 23 da sexta temporada de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração; Herdeiro Legítimo [Rightful Heir]
Ficha Técnica
Direção: Olatunde Osunsanmi
Roteiro: Andrew Colville (The 4400 e Nikita)
Lançamento: 31 de janeiro de 2019
Veja nosso Guia de Episódios da Segunda Temporada de Star Trek: Discovery
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Próximo Episódio: Uma Moeda para Caronte
Otima review Uzeda, e este Bebê Klingon Albino da o que pensar se ele realmente é o que aparece em Deep Space 9
Cara, depois que a primeira temporada de Discovery já estava passando, um dia de madrugada eu estava com insônia e resolvi sortear um episódio de DS9 para assistir, e caiu este do Klingon Albino! Não consigo tirar da cabeça que eles vão aproveitar esta história de alguma maneira. Tomara!